Caros leitores, mais uma vez venho aqui compartilhar com vocês um pouco da minha visão sobre a arte de liderar times neste mundo VUCA. Esse artigo é a continuação de um outro artigo com o mesmo título, que foi bem lido e compartilhado pelos colegas, portanto se você não leu o primeiro, segue o link para acessá-lo. E quem cuidará dos Líderes?
Hoje, quero falar um pouco mais de um assunto que incomoda muito os subordinados, e que muitos líderes fazem sem perceber. Já ouviu falar de Micro-gerenciamento? Vamos então explicar primeiro o que é isso na pratica, e depois porque ele acontece, e por fim o que fazer se tiver fazendo ou sofrendo com isso.
Micro- gerenciamento é quando um gestor gerencia aquilo que não precisa gerenciar. Ou seja, ele usa o tempo dele cuidando do que o seu subordinado deveria cuidar, exemplo:
- Perguntar ao subordinado diversas vezes se ele terminou algo.
- Perguntar ao subordinado diversas vezes o que ele está fazendo.
- Monitorar o cartão de ponto gerenciando o tempo das pessoas no detalhe.
- Fazer by-pass.
- Executar atividades que o subordinado deveria fazer.
- Não deixar o subordinado andar com as próprias pernas, tomando decisões e dizendo sempre o que eles devem fazer.
Bom, dei alguns exemplos práticos que demostram o que é o tal do micro-gerenciamento e que muitos gestores o fazem, e irritam demais os subordinados.
Mas como meu artigo tem a proposta de cuidar dos líderes, primeiro quero tentar justificar o porquê eles fazem o micro-gerenciamento, e para ficar claro vou elencar em tópicos, usando os exemplos anteriores:
- Perguntar ao subordinado diversas vezes se ele terminou algo: Isso acontece porque o gestor é inseguro e ansioso.
- Perguntar ao subordinado diversas vezes o que ele está fazendo: O mesmo acima.
- Monitorar o cartão de ponto gerenciando o tempo das pessoas no detalhe: O mesmo acima.
- Fazer by-pass: O mesmo acima.
- Executar atividades que o subordinado deveria fazer: O mesmo acima.
- Não deixar o subordinado andar com as próprias pernas, tomando decisões e dizendo sempre o que eles devem fazer: O mesmo acima.
Olha que interessante, temos as mesmas causas para os comportamentos, ou seja, o problema do micro-gerenciamento está na Insegurança e na Ansiedade do Líder. Mas já parou para pensar o porquê eles têm sofrido de insegurança e ansiedade? Vou tentar responder com algumas hipóteses:
- Pressão por resultados: Já parou para pensar no tamanho da pressão que seu Líder recebe para entregar resultado? O quanto ele é cobrado para entregar mais com menos, melhor, mais rápido e diferente dos concorrentes? Essa pressão por resultados costuma fazer mal para as pessoas, o que gera insegurança e ansiedade, e isso explica um pouco o micro-gerenciamento que ele faz no time.
- Pressão dos pares: Normalmente a liderança tem uma pressão horizontal, as vezes velada, as vezes explicita, que é natural no mundo competitivo, ou seja, ele não quer olhar para o lado e ser o pior gestor da companhia, mesmo tendo batido as metas, pois ser o último colocado te rotula como pior, num mundo corporativo onde falar de ranking é parte do dia a dia, e a competição também. Essa pressão pela competição, por não ser o pior, mesmo o pior não sendo ruim, gera também ansiedade e insegurança nas pessoas.
- Pressão do time: Sim, os subordinados geram alguns tipos de pressão, uma delas é a pressão psicológica, pois cabe ao gestor ajudar a pessoa a alavancar a carreira ou até afundá-la de vez, e essa responsabilidade é grande, pois não é fácil ter essa “responsabilidade” nas mãos. O time pressiona para que cresçam, seja prósperos, tenham qualidade de vida, etc…são pessoas com necessidades diferentes e desejos diferentes para o gestor administrar. A outra pressão além da Psicológica é a física, pois como disse, as pessoas querem trabalhar e ter qualidade de vida, e quando isso não acontece, o ambiente fica ruim e a saúde de todos são afetadas.
Vejam que as causas e exemplos que fundamentei são corriqueiros, e acontecem em todas as organizações e com a maioria dos gestores e equipes, e por isso volto ao título do artigo: E quem cuidará dos Líderes?
Não está fácil para a liderança lidar com tudo isso e não cometer falhas, e isso precisa ser dito, temos que sair em defesa dos líderes também, e não dizer que os subordinados são sempre vítimas de uma má gestão. E a máxima de que “cometa um erro para esquecer todos os acertos” também vale aqui para os lideres, ou seja, a pressão é toda hora e para todos lados. E confesso que tenho compaixão pelos líderes, pois não é fácil liderar um time, lidar com todas as necessidades e desejos, personalidades diferentes e equilibrar isso tudo para transformar em bons resultados para a Companhia, sem deixar as vezes cair alguns pratos deste monte de coisas para equilibrar.
Se você é subordinado, e costuma reclamar do seu gestor, pense nisso um pouco antes de reclamar, veja se você tem ajudado ou atrapalhado a vida dele.
Se você é gestor, e tem micro-gerenciado seu time, está na hora de trabalhar a insegurança e a ansiedade em você, para que seu time não sofra com seus comportamentos irritantes.
Para fechar, algumas dicas para Gestor e Liderado:
- Perguntar ao subordinado diversas vezes se ele terminou algo: Gestor para isso não acontecer, ao delegar algo combine como será feito o follow-up das entregas e o prazo, com isso feito, o sentimento de micro-gerenciamento será extinto.
- Perguntar ao subordinado diversas vezes o que ele está fazendo: Peça para o time montar uma agenda de atividades semanais, colocando isso no outlook, assim você saberá no que ele está trabalhando.
- Monitorar o cartão de ponto gerenciando o tempo das pessoas no detalhe: Gestor, não faça isso neste tempo moderno que estamos, não rola. E subordinado, não confunda liberdade com libertinagem ok.
- Fazer by-pass: Procure falar com quem é dono do processo sempre, ele sabe o que precisa ser feito, como e quando. Acerte isso entre gestor e subordinado, evitando desconforto para ambos.
- Executar atividades que o subordinado deveria fazer: É comum hoje em dia as pessoas atuarem sempre uma cadeira abaixo da sua original, ou seja, diretor fazendo papel de gerente, gerente de coordenador, coordenador de analista…e por ai vai. Portanto tenha uma descrição de função clara e faça o empenho dos ocupantes para depois poder cobrar e avaliar o desempenho.
- Não deixar o subordinado andar com as próprias pernas, tomando decisões e dizendo sempre o que eles devem fazer: Gestor, você não lida com crianças, e mais, você contratou uma pessoa que deveria ter competência para dizer o que precisa ser feito e como, e não você ficar dizendo o que precisa ser feito. Em alguns momentos isso é bom, faz parte do treinamento de pessoas, mas não pode ser recorrente, senão o gestor não será bom ouvinte, e o subordinado um profissional obediente e sem capacidade intelectual para criar, questionar e mudar.
Caro leitor, espero que tenha gostado das provocações, curta, comente e compartilhe, mas o faça sempre respeitando o ponto de vista de quem pensa diferente de você.
Abraços e até a próxima